"Nos murmúrios do silêncio, brotam os meus versos"" (Sonya Azevedo)

 

sexta-feira, 23 de maio de 2025


Atrevimento

A minha saudade tem pressa!
Tem pressa desses beijos teus,
Dos tantos sonhos meus, ateus,
E da libido que se apressa!

A minha saudade tem pressa 
Desse desdobrar dos meus eus,
No canto mágico de Orfeu
Cujos elãs ele me acessa.

Então, pra ti, eu me descrevo
E em tua presença me atrevo
A amar-te tal qual um refém....

Saciar-te em todos desejos,
Com as mãos, com o corpo e beijos,
E o mais que essa paixão contém!

 ® Sonya Azevedo


E muito feliz com a nova composição deste meu soneto
feito pela amiga e musicista
Anna Lúcia Gadelha.
Abaixo o link!
Espero que gostem o tanto que eu gostei.
Luz e paz.



terça-feira, 13 de maio de 2025


 Pegadas do Vento

Sigo atenta as suas suaves pegadas
Que, em poeira, se vão, com o vento lasso.
Ah! Tão lasso!

Nessa hora me bate uma saudade...
Hora do lusco-fusco, da ebriedade,
Torpor de amor!

Ouço o assovio dos ventos pelas ramas,
Que entoa as dores, anseios de quem ama,
Tanto afã!

Pela janela entreaberta eu o sinto,
Caminhando sobre o vento, faminto
Deste amor...

Entrego-me  a essa louca paixão,
Caminhante dos sonhos, da ilusão...
Visão da noite!

Comovido o luar, faz-se em clareza,
Ilumina as marcas da certeza,
Gravadas no tempo.

E o tempo me diz: -"Elas não se foram,
Vieram sementes e agora enfloram;
São Pegadas do Vento!"

® Sonya Azevedo


terça-feira, 6 de maio de 2025


Joia Rara

Tu me vens como sinos nas espumas
Dos dobrares contínuos das mil ondas,
Joia tão rara que até vida ronda
Na levidão dos ais, das verdes plumas....

Nos caíres da vida, tu me aprumas!
Questões, tu pedes ao céu que responda,
Vens tão límpido e nada há que me escondas
E, ao evidente, sempre me acostumas.

Vem, traz-me o serenar da preamar
Onde tudo se acalma ao verbo amar
E o ocaso aviva o fogo da paixão.

Assim, de sol a sol, té de luar,
Permite ao tempo te perpetuar
Nas livres asas do meu coração

® Sonya Azevedo

Felicíssima! 
Hoje eu ganhei um presente da querida
Anna Lúcia Gadelha, que com seu talento
musicou este meu soneto!
Uma beleza a mais!!!
Luz e paz.
Abaixo o link!



domingo, 4 de maio de 2025


Pele

A pele que me veste me aprisiona...
Esconde o belo que por dentro eu tenho,
Só esboça este corpo num desenho
Do artista que, ao findar, se emociona.

A pele que me veste me raciona.
Aos altos voos, não vou, me contenho!
O longo aprendizado é meu empenho
E a luz é o que o ser ambiciona.

Mas, despir-me da pele contraria
A lei da vida, até da própria morte
Deixando-nos entregue a toda sorte.

Cuido da pele a que se faça forte,
Guiando-me co' a mor sabedoria,
Té o ansiado dia da alforria!

® Sonya Azevedo

 


Reconstrução

Percorro vias num andar sem rumo,
Enquanto o vento já me cria o enredo.
E, junto a mim, caminha em segredo,
A minha vida, tentando dar-me um prumo.

A minha sombra dança alto e eu ciúmo;
Do céu me vem coragem e eu me excedo
Em altos voos e já não retrocedo,
Sigo adiante e os passos eu arrumo.

Se tropeçar, eu dou um belo salto
E cavo fundo a construir bem alto.
O destino já não me faz refém.

E, assim, eu me ergo na reviravolta;
Ao que se foi, dou rindo meia-volta
E, a cada fim, renasço novo alguém.

® Sonya Azevedo

 


 Silêncio

O meu silêncio não é rendição.
É a fortuna da Sabedoria,
É uma paz que só traz alegria,
Mudez que fala sem exaltação...

Este silêncio leva meu perdão;
Retira da alma toda esta agonia
Dando ao meu ser a básica alforria
A quem almeja uma outra direção.

Este silêncio traz vida em canção;
É coral desmaiado no arrebol
Que traz pingos a ornarem o negror...

Este silêncio traz libertação,
Sedução, esperança ao vir do sol,
Que enche mi'a vida com raios de amor.

® Sonya Azevedo